Estiagem. O Cerrado e seu potencial aquífero.

O cerrado brasileiro é reconhecido como o berço das águas, abrigando nascentes de 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país, entre elas São Francisco, Tocantins, Araguaia, Paraná e Paraguai. Esse bioma, classificado como hotspot mundial, área rica em biodiversidade com risco eminente de extinção, cumpre papel essencial não apenas no abastecimento de água superficial e subterrânea, mas também na regulação climática em escala nacional. Durante a estiagem, a vegetação do Cerrado garante infiltração e recarga dos aquíferos, que mantêm os rios com vazão mínima — um serviço ecossistêmico vital para o equilíbrio hídrico.
Apesar dessa importância, o Cerrado encontra-se sob grave risco devido à ocupação desenfreada e desordenada, que compromete áreas de preservação ambiental e ameaça a manutenção dos seus recursos hídricos. Nesse contexto, torna-se urgente propor soluções arquitetônicas que, além de mitigar impactos, possam valorizar, proteger e educar sobre a relevância desse território.
A estiagem recorrente em Brasília expõe a necessidade de espaços de refúgio, onde a arquitetura possa traduzir o contraste entre a dureza do árido e o alívio da água. A ideia surge ao pensar zonas de amortecimento como instrumentos de contenção da expansão urbana sobre áreas frágeis, buscando conciliar preservação ambiental e promover experiências de contemplação e lazer no cerrado.
Nesse sentido, o projeto parte da requalificação de uma piscina de água corrente localizada no Parque Saburo Onoyama em Taguatinga Sul, Brasília, popularmente conhecido como ''Vai Quem Quer". A intenção parte da criação de um complexo arquitetônico que se configure como um oásis contemporâneo. Mais do que um equipamento recreativo, a proposta busca transformar-se em um refúgio pedagógico ambiental, capaz de evidenciar a potência da água no Cerrado, de reforçar a consciência sobre sua preservação e inspirar novas formas de habitar e respeitar o bioma.